Trinta anos se haviam passado. A turma de ensino médio programou um reencontro. Foi numa tarde quente, na enorme mansão de um deles.
Não faltavam elogios ao anfitrião, que recebia os amigos: a arquitetura, a disposição dos móveis, tudo como numa moldura de sonhos.
Após o almoço, reunidos na sala ampla, a conversa passou para o relato das conquistas pessoais, o sucesso na carreira.
Alguns eram médicos, engenheiros, advogados, professores de ensino superior. Falavam de seu casamento, dos filhos.
Era um longo desfile de alegrias. Falavam da empresa multinacional para a qual haviam sido contratados os filhos, dos altos cargos que ocupavam em hospitais, indústrias e por aí afora.
Dava gosto constatar a felicidade que sentiam pelo êxito próprio, que incluía a dos filhos.
Deram-se conta, depois de muito falar, que uma, dentre eles, se mantinha calada, somente vibrando com a felicidade de cada colega.
Voltaram-se para ela e lhe perguntaram: E você, quais os grandes lances da sua vida?
Ela sorriu e disse: Amigos, nada tão eletrizante como os seus relatos. Vi meus irmãos se formarem, constituírem suas famílias e partirem, buscando seus próprios destinos.
A mim, finalizando o ensino médio, sucederam acontecimentos: a morte repentina de meu pai, um irmão menor sob meus cuidados, necessidade de trabalhar para o sustento do lar, dedicação à avó e à mãe, que enfermaram em anos sucessivos, me exigindo dedicação.
Não consegui entrar em uma Universidade tal o acúmulo de deveres para manter a família e atender aos problemas, que surgiam, como uma avalanche, a cada ano.
Tive ofertas para crescer profissionalmente, transferindo-me para a capital federal, depois para o Rio de Janeiro e São Paulo.
Mas debilidade orgânica de minha avó e de minha mãe não me permitiram atender a nenhum dos convites. Elas tinham somente a mim.
Passaram os anos. Não me casei, não tenho filhos senão os da alma, que assumi, por questões muito próprias.
Nunca empreendi grandes viagens, porque minhas economias eram e ainda o são direcionadas aos que dependem de mim.
Então, acho melhor vocês continuarem a falar de seus progressos, de suas glórias. A mim, tudo isso encanta porque me parecem fenomenais os seus relatos.
O silêncio se fez na sala. Havia lágrimas em algumas faces. Todos ficaram olhando para a colega que, nos bancos do ensino médio, tinha grandes sonhos.
Viajar para o Exterior, aprimorar-se em outro idioma, cursar a faculdade, casar-se, ter filhos.
Tudo lhe fora frustrado. No entanto, ali estava ela se alegrando com o sucesso dos amigos, e regozijando com suas conquistas.
Olhares se cruzaram. Finalmente, um deles disse: Já sabemos quem alcançou o prêmio de maior vencedor entre todos nós.
Sim, há os que vencem no mundo e há os que vencem a si próprios, no silêncio da renúncia, servindo ao semelhante.
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As suas conquistas são tão importantes quanto as demais, não se desespere porque a vida tomou caminho que você não pretendia cursar, o grande criador do universo conhece o nosso íntimo, e sabe quais caminhos devemos percorrer para alcançamos a perfeição da alma.
Pense nisso. Mas pense agora.
TEXTO DA: Redação do Momento Espírita: MAIOR ÊXITO
31/01/2024 06:30 | DURAÇÃO 5:00