GENÉTICA NÃO TEM PRECONCEITO
28/09/2024 06:30 | DURAÇÃO 4:57
Notas do Episódio
Durante uma conferência de ciências, uma pergunta é feita por Lawrence Summers, um dos convidados e ex-presidente da Universidade de Harvard, que sugere que diferenças genéticas explicariam o fato de haver bem menos mulheres no campo da ciência do que homens. O mediador da conferência disse, alguém que queira falar sobre diferenças genéticas entre homens e mulheres? Um dos mais notáveis cientistas do nosso tempo, o astrofísico americano Neil de Grasse Tyson, se apresentou para responder a tal questão. Eis a resposta do famoso físico. Bem, senhoras e senhores, eu nunca fui uma mulher. Iniciou com bom humor o cientista, houve muitos risos na plateia e Tyson dá prosseguimento a sua resposta. Mas tenho sido negro a vida toda, portanto, lhes ofereço uma perspectiva deste ponto de vista, pois há similaridade no tema ao astrofísico. O acesso das oportunidades sociais que são dadas quando se fala sobre negros e as oportunidades às mulheres em uma sociedade dominada por homens brancos. E serei breve, pois quero ouvir outras questões. Durante toda a minha vida, eu sempre soube que queria ser um astrofísico, desde os 9 anos, quando visitei um planetário, para ser mais exato. Então, eu tinha que ver como o mundo ao meu redor reagiria ao expressar as minhas ambições e tudo que eu posso dizer é, o fato de eu querer ser um cientista astrofísico teve grande resistência da maioria. São as raízes das forças que naturalmente agem na sociedade. Toda vez que eu expressava este interesse, os professores diziam, você não quer ser um atleta ou outra coisa? Porém, eu queria algo que estivesse fora dos paradigmas das expectativas das pessoas que estavam no poder. E por sorte, o meu interesse científico. Era tão profundo e tão rico em combustível, que todas essas dificuldades e barreiras que tive que enfrentar, eu usava de mais combustível e continuava em frente. Agora aqui estou, creio, um dos cientistas mais reconhecidos. E quando olho para trás me pergunto, onde estão os outros que poderiam estar aqui como eu? E não estão. E eu me tenho vivido e os outros não. Apenas porque as forças da sociedade estão resistindo em cada esquina, a cada momento. Chegou ao ponto em que as seguranças do mercado me perseguiram presumindo que eu era um ladrão. Eu saí de uma loja uma vez e o alarme disparou, então eles vieram para cima de mim. Eu passei pelo alarme ao mesmo tempo que um homem branco passou. E esse homem foi embora, com as mercadorias roubadas, sabendo. Que eles iam me parar e não a ele. Então, minha experiência de vida me conta que se não temos muitos cientistas negros e não temos muitas mulheres cientistas, é por uma questão de forças que a sociedade usa para estigmatizar as mulheres. Portanto, antes de começarmos a falar sobre diferenças genéticas, temos que encontrar um sistema onde as oportunidades sejam iguais. E aí sim, podemos falar de genética. Sim, caros ouvintes, quando se dá oportunidades, as diferenças genéticas são irrelevantes. Um exemplo disso é a mãe da física moderna, Marie Courrier, famosa por sua pesquisa sobre a radioatividade, pela descoberta dos elementos polônio e rádio e por conseguir isolar isótopos desses elementos. Marie Courrier ganhou o prêmio Nobel de Química de 1911. A genialidade não está no sexo ou na raça, pois a genética não tem preconceitos.