RELACIONAMENTO DE UM SÓ
06/01/2025 06:30 | DURAÇÃO 5:04
Notas do Episódio
Por mais que amemos, por mais que nos dediquemos e alimentemos esperanças em relação aos nossos relacionamentos, por mais que queiramos, nem sempre o outro está disposto a oferecer retorno. Ou tentamos então manter uma relação unilateral que pende somente sobre nossas cabeças, ou tomamos fôlego e percebemos que chega de sermos tontos. Não é fácil termos a noção exata de quando estamos embarcando em um barco furado, quando já fizemos tudo que estava ao nosso alcance sem resultados consistentes. Da mesma forma, podemos nos enganar quanto às reais intenções do parceiro, caso sejamos o tipo de pessoa que espera demais, além da conta, sem prestar atenção no que o outro tem para dar. Muitas vezes, idealizamos um romance açucarado, esperamos que o outro corresponda aquilo que queremos. Da forma como desejamos. No entanto, cada um tem a sua maneira própria de se expressar e de se importar, ou seja, muitas vezes o parceiro não corresponderá de forma fidedigna às expectativas que criamos, e nem sempre isso quer dizer que ele não nos ama. No entanto, quando prestamos atenção devida e refletimos com sobriedade acerca da forma como nosso relacionamento vem sendo construído, teremos, sim, a resposta aos nossos questionamentos, por mais dolorosa que seja. No fundo, sabemos se estamos recebendo amor verdadeiro, se estamos vivendo a troca, a partilha, a soma de que se devem constituir as trocas amorosas. Infelizmente, muitas pessoas mal percebem que o parceiro está se despedindo há pouco e pouco, que os mãos pararam de se procurar, que o coração arrefeceu o rio. Ritmo e a intensidade de suas batidas. Que o adeus há muito já se instalou. Então, quando se dão conta, o outro já nem estava mais ali ao lado e tomou a decisão de partir em busca de ares menos densos, onde pudesse respirar tranquilo, onde não fosse invisível. É preciso se conscientizar de que a única coisa que o vazio nos devolve é o eco da nossa própria e inútil insistência. É assim que muitas pessoas se perdem umas das outras, após o sofrimento calado e solitário da única parte que se entregou por inteiro, em vão, por dias, meses, anos. E quando tomamos a decisão de sair dali, de nos libertarmos daquele que suga e achata nossa essência, nada mais importará, nada mais nos fará tentar de novo, porque o cansaço então terá varrido qualquer afetimento. De dentro de nós. Já não estaremos mais por ali, nem junto, nem perto de fato. Apenas distantes o bastante, para sobrevivermos longe do terreno arenoso da entrega inútil. Felizmente seguiremos prontos para recomeçar, pois estaremos levando conosco a nossa capacidade de amar com verdade, com entrega de corpo e alma. Mas para que esse amor não seja um relacionamento de um só, devemos nos ater nos detalhes, nas pequenas observações, nas respostas às perguntas mais simples que conseguimos alimentar a relação com demonstrações de generosidade e de amor. Como um lubrificante a facilitar o movimento das engrenagens, esses sentimentos permitem que a vida a dois ganhe profundidade e solidez. Frente a resposta ríspida, utilizemos da bondade da palavra suave e compreensiva, substituamos o julgamento severo e rígido, muitas vezes já desgastado pelo tempo, pela generosidade de quem percebe e reconhece valores em quem nos acompanha, pensemos nesses detalhes, mas pensemos agora!