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Desejo, vontade e felicidade

31/12/2019 11:04 | DURAÇÃO 5:25

Notas do Episódio

Desejo, Vontade e Felicidade Nesta edição do Pense Nisso, vamos nos dedicar aos nossos desejos, vontades e felicidades...o que é propicio para essa época de fim de ano. Quando os nossos desejos e vontades, estão aflorados. E pra falar sobre os desejos e vontades , e consequentemente, da pretensa felicidade, convocamos o filosofo alemão Immanuel Kant. O pensador, em sua obra “Crítica da Razão Pura”, nos contempla com uma profunda análise moral e distintiva de desejo e vontade; e convida-nos à reflexão sobre as nossas escolhas. Desejo é tudo o que emerge do pensamento, sem que se possa controlar; é o impulso instintivo, é a avidez pelo prazer das sensações. Vontade é a ação regida pela razão, independentemente da corrente dos desejos, ou seja, é o uso da razão para deliberar escolhas. Muito diferente de desejo, vontade é o saber materializado em conduta; é tudo o que o pensamento produz para se sobrepor aos instintos, a fim de viver melhor. Em suma, Vontade é o controle dos nossos Desejos cegos e sem limites. A vontade percebe que, apesar do desejo, é possível viver na contramão dos instintos. A isso chamamos liberdade, que é quando adquirimos a competência deliberativa sobre as próprias inclinações. Sou livre quando, ao perceber os meus desejos, consigo agir racionalmente, contrariando o que sugerem meus impulsos. A moral não é uma vigilância castradora, mas um olhar sobre si mesmo; é um lugar na mente onde a reflexão impõe os limites que imperam a conduta. No entanto, se nós não conhecermos as nossas fraquezas, seremos escravos dos nossos desejos. O que difere o homem dos outros animais é a sua capacidade de pensar para agir, de modo que aquele que se conduz pelos seus instintos e inclinações, aproxima-se da animalidade; mas aquele que age pela via da razão aproxima-se de sua destinação moral. E aqui não falamos da moral teológica, que é dogmática. E sim, falamos da moral indulgente, flexível e condescendente. Ao entender a felicidade como acúmulo de desejos saciados, o homem tende a priorizar a busca pelos prazeres dos sentidos e das vaidades, sem perceber que quanto mais se sacia um prazer biológico ou vaidoso, mais extravagantes e intensos estes prazeres terão de ser futuramente, a fim de se obter o mesmo nível de satisfação. Usemos como a analogia, a cocaína; que para produzir o mesmo efeito de felicidade, é necessário aumentar a dose. A fase da vontade surge, frequentemente, quando os excessos dos desejos atendidos, resulta em adoecimento físico e psicológico. Observando o comportamento humano na sociedade atual percebemos que a maioria necessita do sofrimento para compreender que a saciação de desejos não representa um estado real de felicidade ao longo do tempo. Por isso que no mundo dos famosos e dos bem servidos financeiramente, vemos tantos descaídos em depressões, que, em alguns casos, acabam em suicídios. É importante, que quando o sentimento de total insatisfação nos aflige, busquemos a compreensão de nós mesmos. Libertos da prisão dos desejos que nos faz sofrer, conquistamos a liberdade, balizada na razão. Num mundo caótico, caracterizado somente pelo desejo do poder, dinheiro e fama, o preço final é a infelicidade. Mas quando usamos da nossa vontade, que é a razão inclinada ao aprendizado ético-moral, nos trará, por consequência, a serenidade, o equilíbrio e a felicidade. Por isso, nesse novo ano, tenhamos mais vontades... para controlar os nossos desejos. Pense nisso...e tenha um feliz ano novo. Texto baseado na aula do professor Clovis de Barros Filho e na obra de Immanuel Kant ““A Crítica da Razão Pura”