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Apenas o Essencial

06/01/2020 15:35 | DURAÇÃO 4:59

Notas do Episódio

APENAS O ESSENCIAL Eu contei os meus anos, e descobri que tenho menos tempo para viver daqui para frente, do que já vivi até agora. Eu tenho muito mais passado, que futuro. Então, não tenho mais tempo para lidar com a mediocridade. Eu não quero reuniões, em que desfilam egos inflamados. Inquieto-me com os invejosos, cobiçando lugar de quem eles admiram. Eu já não tenho tempo para conversas inúteis, sobre vidas alheias, que nem fazem parte da minha. Eu já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas idosas, mas ainda imaturas. Eu detesto pessoas que não debatem conteúdos, mas apenas rótulos. Eu quero viver ao lado de gente que sabe rir...sabe rir de seus tropeços. Quero viver ao lado de pessoas que não se encanta com os seus triunfos, não se considera eleita, antes da hora. Quero viver ao lado de gente que não foge da sua mortalidade...eu quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade; Apenas o essencial faz a vida valer apena...e para mim, basta o essencial. É essencial livrar-se dos falsos valores que levam a julgamentos igualmente falsos; abandonar tolas crendices, filhas da angústia e do medo do desconhecido. Existe ainda o perigo do deslumbre que cega a mente e ilude nossa capacidade de julgar; a vaidade tola e a megalomania, caminhos que levam a bezerros de ouro, à paixão pela conquista do poder pelo poder, ou como forma de submeter o próximo. Nossos olhos, muitas vezes, emprestam lentes de Narciso, capazes de distorcer nossa real imagem e os julgamentos que fazemos dos nossos atos. Só o tempo permite àqueles que dele fazem bom uso, cultivando o saber e examinando a vida em profundidade, perceber as coisas realmente importantes e belas. Nós, humanos, como as flores, os pássaros e tudo que é vivo, temos um ciclo que se inicia com o nascimento, prossegue com o florescer da maturidade e termina com a morte. Morremos todos, sem a beleza ou o vigor físico. De nada adiantam nossas conquistas terrestres, todas são fugazes. Se algo for eterno, será apenas a consciência que adquirimos neste viver. Esse enorme mistério da vida e da morte é o mais tranquilo, límpido e belo espetáculo ao qual nenhum outro se compara, mas que só pode ser observado e compreendido com o tempo, com o passar do tempo. Esse é um privilégio reservado aos que usaram bem seu tempo de vida. É contraditório, mas é preciso aceitar a nossa morte para se entender e vislumbrar toda a beleza da vida. Daí, talvez, a sabedoria popular do velho ditado que diz: "Neste mundo, quem mais olha menos vê, quem não morre não vê Cristo." Acreditamos que, no ditado popular, a palavra Cristo significa "ter consciência do processo da vida". Se fôssemos capazes de menores ilusões e maior consciência, certamente seríamos muito mais felizes. Teríamos maior prazer no trabalho, trataríamos o próximo com mais amor e respeito; seríamos mesmo capazes de amá-lo, não por nossos interesses, mas sim por ele mesmo. Não teríamos a maioria das nossas preocupações, dormiríamos melhor, administraríamos melhor nossas energias e não permitiríamos que tolas fantasias e angústias desnecessárias se apossassem de nosso ser. Viveríamos em paz, teríamos mais tempo para as crianças, as flores e os pássaros. Não necessitaríamos do consumo de drogas ou de bens supérfluos, usaríamos nosso tempo e nossa energia para coisas muito mais prazerosas: pensar e examinar a vida, livrar-nos de falsos valores, fantasias e miragens, encontrar a essência da vida, ver com os olhos da alma. Apague as luzes, dilate as pupilas da alma e veja. Baseado no texto de Mario de Andrade e do Professor Oriovisto Guimarães, do Centro Universitário Positivo - UNICENP.