Violentar-se não é vencer
15/02/2020 08:00 | DURAÇÃO 2:23
Notas do Episódio
VIOLENTAR-SE NÃO É VENCER Certas passagens da vida têm o poder de nos desgostar de tal forma que somos levados, ao menos por algum tempo, a medir todas as pessoas e acontecimentos por aquela desilusão. E a maneira que às vezes encontramos de nos prevenir de novas decepções é nos convencermos de que o mundo é um lugar horrível, e todas as pessoas, sem exceção, são malvadas e mal-intencionadas. Assumimos, então, uma atitude defensiva. Paramos de mostrar os dentes e fechamos a cara. Se alguém ameaça despertar em nós alguma emoção positiva, já lembramos o tombo do passado e endurecemos o coração. Nem adianta tentar: ninguém mais vai nos fazer de bobos. Ficamos convencidos de que, ao nos fecharmos dessa forma, sufocando nossos melhores sentimentos, colocamo-nos a salvo do mal e derrotamos, num duelo imaginário, o mundo cruel. Mas será que nos podemos considerar vitoriosos, quando nos permitimos transformar em coisa semelhante àquilo que nos desgosta e decepciona? Será que podemos nos considerar vitoriosos, quando permitimos que as decepções sofridas nos encham a alma de amargura e arrasem nossa fé no semelhante e na vida? Ou o vencedor, na verdade, será o mundo cruel que tanto condenamos, quando nos curva a espinha, converte-nos em seus aliados e sufoca aquilo que temos de mais humano? Que tenhamos, neste novo dia, discernimento para identificar o perigo e dele nos proteger. Mas que não nos tornemos descrentes e amargos na tentativa de fugir ao sofrimento: seria como saborear uma vitória falsa, inútil e sem sentido. Pois não existe vitória sem felicidade. E a verdade é que ninguém pode ser feliz neste mundo quando perde a esperança...