A crítica
08/07/2020 09:00 | DURAÇÃO 3:40
Notas do Episódio
Convidada a fazer uma preleção sobre a crítica, a conferencista compareceu ante o auditório superlotado, carregando pequeno fardo. Após cumprimentar os presentes, retirou os livros e a jarra de água de sobre a mesa, deixando somente a toalha branca. Em silêncio, acendeu poderosa lâmpada, enfeitou a mesa com dezenas de pérolas que trouxera no embrulho e com várias dúzias de flores frescas e perfumadas. Logo após, apanhou na sacola diversos enfeites de expressiva beleza, e enfileirou-os com graça. Depois, diante do assombro de todos, depositou em meio aos demais objetos pequenina lagartixa, num frasco de vidro. Só então se dirigiu ao público perguntando: O que é que os senhores estão vendo? E a assembléia respondeu, em vozes discordantes: Um bicho! Um lagarto horrível! Uma larva! Um pequeno monstro! Esgotados breves momentos de expectação, a expositora considerou: Assim é o espírito da crítica destrutiva, meus amigos! Os senhores não enxergaram o forro de seda alva, que recobre a mesa. Não viram as flores, nem sentiram o seu perfume. Não perceberam as pérolas, nem as outras preciosidades. Não atentaram para a luz faiscante que acendi no início. Mas não passou despercebida, aos olhos da maioria, a diminuta lagartixa... E, sorridente, concluiu sua exposição esclarecendo: Nada mais tenho a dizer... * * * Quantas vezes não nos temos feito cegos para as coisas e situações valorosas da vida. Acostumados a ver somente os fatos que denigrem a sociedade humana, volvemos o olhar para os detritos morais das criaturas. Assim, criticamos a mídia por enfatizar as misérias humanas, os desvalores, as fofocas e as intrigas, mas, em verdade, isso tudo só vem a lume porque ainda nos comprazem. Em última análise, é o que vende! Não há espaço para uma mensagem edificante, e os que teimam em veicular coisas e situações nobres, o fazem sob o peso de enormes dificuldades. É imperioso atentarmos para os nossos valores ou desvalores, antes de levantarmos a voz para criticar a sociedade e os meios de comunicação em geral. É importante observarmos os nossos interesses pessoais antes de gritarmos contra os governantes, sem esquecer que eles só ocupam os cargos depois de eleitos por nós. Enfim, é relevante atentarmos para os que buscam divulgar o bem e o belo e candidatarmo-nos a engrossar essas fileiras. Assim, com a exaltação do bem, em detrimento do mal, a sociedade logrará sobrepujar as misérias, evidenciando as belezas e os atos de essência superior, e encontraremos a felicidade perene. Pensemos nisso, mas pensemos agora. Texto elaborado com base no cap. VII do livro O céu e o inferno, de Allan Kardec, ed. Feb e no livro Hahnemann, o apóstolo da medicina espiritual, de Hermínio C. Miranda, ed. Celd. Em 28.06.2012.